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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Vaidade

Quando eu era criança eu observava que todos os dias, no final da tarde, minha avó se banhava,se perfumava, passava pó, um batom bem clarinho, um vestido cheiroso e colocava um  colarzinho de pérolas. Feito isso ela esperava o amor de sua vida, meu avô.

 De observar aprendi.Mal sabia eu como sua atitude me serviria nesse tempo de quimio, a vaidade por ela em mim despertada me faz estar sempre maquiada em tempos onde faltam sobrancelhas, cilios e cabelos.Todos os dias,me banho, me visto, escolho um lenço , me maqueio e me acho linda.





Quando acabaram as quimios na primeira fase em 2011 corri para Lins, queria voltar as minhas origens, me fortalecer nos braços daqueles que iniciaram essa história da minha vida.

Quando lá cheguei minha vó achou lindo meus parcos cabelos que eu exibia como se fosse uma basta cabeleira e fomos tirar fotos, instintivamente tirei o batom da bolsa e ela já foi logo avisando: - Eu também quero!!!! Eu então a maquiei e ela me perguntou se estava bonita e eu respondi : - Linda, como sempre!!!! Me retoquei e minha irmã tirou a foto da produção.



Antes das fotos,.Linda como sempre!


Recebendo amor e apoio o que nunca me faltou.


Quando ela estava partindo continuei no mesmo ritual, pois depois do câncer, a morte não me assusta mais, mas isso vale um post à parte, eu sabia que ela estava indo, não existia desespero em mim, só saudades.

Minha irmã me contou que alguns meses antes dela partir, quando estava pintando suas unhas ela fez minha irmã prometer que cuidaria de sua aparência quando morresse. Minha irmã, comovida disse que sim, e foi o que ela fez, ela cuidou de sua aparência, como ela queria, vaidosa.

Também sou. Se vou à quimio, me arrumo toda, não vale a pena perder a saída.

Minha médica, quando a conheci era a coisa mais branca e sem graça que já vi, ela é bem novinha, parecia até que tinha câncer kkkkkk. Dois anos depois temos liberdade da convivência e nesse tempo ela passou a se maquiar, cortou o cabelo e foi muito honrada que a ouvi dizer que aprendeu comigo a estar sempre bem e presentear as pessoas com a nossa boa aparência, apesar de tudo.


Na quimio. Não se engane, muito difícil, mas há de fazer com  a cabeça erguida  e  maquiada!


Comemorando uma boa notícia
Em casa

Essa sou eu, neta de peixe, peixinha. mais uma que eu devo para a Dona Isabel!

3 comentários:

Marcia Lucas disse...

Nossa vida foi maravilhosa ao lado de nossa avó,cheirinho de bolo, frango assado,café com pão feitos por ela, dinheirinho para o lanche,dia do aniversário,cortar a couve bem fininha,usar batom sempre,estar sempre alerta aos homens!!kkkkk Nossa, era tudo isso e mais um tanto...

catita disse...

Oi Cássia! Você tem o nome da minha irmã :)

Passei por aqui pq vi a campanha no facebook para lhe doar sangue O+. Eu sou O+, mas não tenho peso suficiente para lhe doar meu sangue. Tenho 48 kilos. Já fui doadora de sangue, por isso estou com comichão.

Sou de família de gente pequena, portugueses. Minha mãe é portuguesa e todos da banda de lá da família. Mas portugueses costumam ser gordinhos, mas é que a família do meu pai é de gente magrela hehehe, então o que posso lhe oferecer é coragem.

Coragem não vende nas lojinhas chinesas, nem em qualquer outra, mas vem em sorrisos, aos lotes. Eu já fiquei muito doente também (não o mesmo que vocês lutam), mas agarrava nos meus livros e em preces. E estou aqui, lhe escrevendo e com a cabeça e o corpo são. :)

Espero que todos os dias o Sol que vocês veem seja diferente, porque ele se renova a todo momento. E é encantador quando a gente sorri só por essas coisinhas pequenas que a natureza nos dá.

Profundas energias de coragem e alegria pra as duas irmãs.

Abraços!
Camila

Berenice de Fátima disse...

Estou encantada com seu blog e com você. Te conheci por uma postagem do face. Esse face tem sim muitas coisas boas. Ao descrever sua avó que lindamente esperava seu avô, lembrei-me de uma história que gosto mito de contar. "O pássaro encantado de Rubem Alves":
"E ela ia ao guarda-roupa, escolher os vestidos, e penteava os cabelos e colocava uma flor na jarra.
— Nunca se sabe. Pode ser que ele volte hoje…" Voc~e foi meu anjo do dia. Beijos mil e saúde, bela Cássia.